Natal, vidas e amor!

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Ontem saindo de casa vi várias vacas e touros no pasto aqui do lado, estavam deitados uns perto dos outros, contemplando a paisagem, serenos, no maior carinho e aconchego. Eu parei o carro pra ver melhor, e tirar uma foto da cena, então um deles levantou e veio pra perto da cerca, eu dei uns matos pra ele, ele cheirou minha mão, queria lamber, pegar, então me olhou, se aproximou mais lateralmente e abaixou a cabeça como que pedindo carinho… Eu, do outro lado da cerca, passando a mão na sua cabeça, fiquei absorta em pensamentos… Aos poucos os outros tbm vieram, foram se aproximando e ficaram lá me pesquisando, me olhando, interagindo comigo, eu já falando com eles, acarinhando … E aí arranquei mais mato, ofereci e ficamos ali um tempo, em mútuo interesse. Então me lembrei do que tinha que fazer, me despedi, fotografei e voltei pro carro, para meu trajeto, para minha vida. E fiquei pensando em como são criaturas interessantes e calmas os bois e vacas, como são belos, como são grandes em tamanho, em simplicidade e ancestralidade… E como muitas pessoas não os conhecem como seres, apenas como matéria prima para diversos usos, como objetos… Mas eles não são carne, leite e couro, eles são feitos da mesma matéria que nós humanos, são carne e osso e sangue e nervos e sensações e vida…

E nestes dias de festas, em que todos se permitem ficar mais sensíveis, emotivos e amorosos, confraternizando com os seus em rituais familiares de afeto e celebração da vida e do amor que nos une, eu me lembro dos meus primeiros natais, da festa na casa da minha vó, em que, além das comidas, da reza e dos presentes, havia algo muito especial: as crianças encenavam o presépio, a cena do nascimento de Jesus entre os animas. Eu, minha irmã, meus primos e primas éramos a sagrada família, e recebíamos o menino Jesus com alegria! Nós, como anjos, reis, humanos e animais, juntos, irmanados em vida e amor!

Hoje vejo essa lembrança com mais carinho ainda, como uma história que se repete simbolicamente a cada ano, lembrando-nos que os animais não humanos são nossos irmãos na jornada terrena, que em muitos casos são mais íntegros, sinceros, sensíveis, prestativos e sábios que nós, humanos. E a cena do presépio simboliza isso pra mim, com toda potência, ternura e simplicidade nos traz uma oportunidade de recordar esse mistério da vida, da unidade na diversidade…

Na volta para casa, a chuva caindo e eles lá, ainda no pasto, na chuva, uns encolhidos em baixo de uma árvore, outros deitados, tranqüilos, deixando a chuva molhar… Tanta calmaria e aceitação eu vi ali. Tanta paz e beleza… E aí me invade um sentimento de esperança, me alegro na lembrança de que, assim como eu, muitos de nós humanos já estamos transpondo a barreira do especismo e vivendo a vida que nos foi dada em reconhecimento de que, na essência, somos todos iguais.
Minha gratidão e meu respeito à ancestralidade da vida na Terra, com toda sua diversidade, com suas histórias, culturas e tradições que, renascendo, nos recordam que somos vida e amor!

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