Veganismo: amigos, afeto e acolhimento

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Quando mudamos nosso padrão de alimentação, em geral, o fazemos por motivos pessoais (e intransferíveis!),  e isso significa que algo muito forte em nossas vidas sinaliza um novo rumo a seguir. Nem sempre é fácil, muitas vezes esse novo caminho é desconhecido e é um desafio que nos faz buscar informações e apoio.

Algumas vezes são questões de saúde que nos impulsionam a assumir que mudanças na dieta vão contribuir para a cura e a melhoria da  nossa qualidade de vida, outras vezes a mudança vem de informações esclarecedoras sobre a procedência dos alimentos, os impactos que certas comidas causam no meio ambiente, ou questões relacionadas a práticas esportivas ou espirituais, ou ainda por reflexões sobre ética, valores como a empatia, a compaixão e os direitos animais… Assim, por meio de vários caminhos, muitas pessoas hoje estão chegando ao Veganismo!

Tornar-se vegano em um mundo ainda altamente especista é uma atitude bastante desafiadora e revolucionária. É algo que vai testar nossos limites, nossa força de vontade e nossa convicção! Muitas vezes nos veremos confrontados com poucas opções nos cardápios dos restaurantes comuns, brincadeiras e piadas dos amigos e familiares e mesmo desconsideração pela nossa escolha… Principalmente no início do processo, pode ser um tanto doloroso. Percebemos que o mais difícil muitas vezes não é mudar nossos hábitos, mas continuar a conviver com nossos amigos e familiares e não sofrer com o fato de eles continuarem a se alimentar daquilo que para nós agora é sinônimo de morte e exploração… Aí reside a difícil arte de se relacionar, de não se omitir diante do contexto  mas também de não ferir tentando “esclarecer” os fatos para as pessoas e acabar como alguém que está tentando convencê-las! Esse é um momento muito delicado, pois em geral estamos ainda muito impactados com as verdades que descobrimos e queremos falar sobre isso, buscamos diálogo e cumplicidade, e muitas vezes encontramos negação, já que as pessoas tendem a evitar saber a verdade por trás dos processos de produção de algumas comidas… E aí está o ponto-chave: saber respeitar e entender o não querer saber de alguns, calar para evitar conflitos desnecessários, para não se desgastar, compreendendo que há diferenças, que cada um tem seu tempo e alguns vão querer sim ficar na sua zona de conforto, ainda que isso nos decepcione. Aguardar que haja uma oportunidade real de diálogo, que haja interesse da outra parte para que possamos desenvolver o assunto. Paciência, resiliência.

E para que o caminho não seja só espinhos e solidão é muito importante buscar pares, encontrar novos amigos e poder dialogar com outras pessoas que também compartilhem do veganismo como uma escolha na vida, assim dividimos angústias e esperanças, nos apoiamos e colaboramos para que a jornada seja mais feliz. A experiência compartilhada amplia nossa visão do mundo, aprofunda nosso conhecimento,  facilita o enfrentamento dos desafios, nos fortalece e nos aproxima.

Cada caso é um caso, mas em geral, com o passar do tempo, tudo melhora! Aprimoramos nossos valores, ampliamos nossa rede de afetos e nossa família e amigos acabam por respeitar nosso veganismo e às vezes até se interessar mais por ele!

Da minha parte, nesses mais de dez anos de veganismo, pude ver isso acontecer na minha vida! Continuo estudando, pesquisando, continuo me aperfeiçoando na cozinha mas também no entendimento de como podemos ser mais potentes e nos apoiar mutuamente para co-criar um mundo mais justo para todos os seres vivos, com mais consciência e responsabilidade. Por isso, singelamente, estou aqui e abro novamente esse espaço para isso, para dialogar, para fomentar idéias, para buscar soluções, para compartilhar minha experiência, seja como ativista, como cozinheira e culinarista, ou apenas como uma cidadã vegana num mundo ainda bastante especista!

E assim retomo as postagens neste blog, nascido dessa mesma vontade, anos atrás, mas agora ressignificado, com uma força renovada, munida de mais informação, de mais vivência e muita vontade de expandir a troca de idéias, de debater questões, de divulgar ações positivas e de impulsionar o veganismo por sua verdade e beleza, por sua contribuição para esse planeta que co-habitamos com os animais não- humanos e com toda a natureza. Sim, nós humanos podemos fazer escolhas, com informações reais, com boa vontade, com ação consciente nós podemos fazer a diferença para melhor! De gota em gota, cada um em seu ambiente, repercutimos no Todo. Aqui e agora eu me disponho a acolher quem estiver precisando de apoio, de diálogo, de informação e também de dicas sobre alimentação e receitas para seguir o caminho do veganismo com mais propriedade, mais alegria e companhia!

Sejam bem vindas/os!!!!

Feliz 2019 com energia e gratidão!!!

 

 

 

 

 

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Sabores e Saberes

Alimentação é antes de tudo nutrição, é cultura e é escolha.

É sabor, é saber, é sentir e também querer, ou não,

ampliar a experiência.

É algo que cria, mantém ou mata a vida:

a que habita em nós, nos animais e no planeta.

 

Alimentação é básico, é instinto. E é também inteligência.

É material, é emocional, é mental e espiritual.

 

Alimentar-se é ação,  informação e é política.

Depende de cada um, mas interfere no todo.

É escolha, sabedoria, soberania. É seu reino de liberdade.